O Coletivo de Galochas é um grupo de teatro constituído em sua maioria por artistas oriundos da Faculdade de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo. O grupo foi formado em início de 2010 com o intuito de debater o espaço, mais precisamente o projeto por detrás da organização deste.
Partindo deste foco principal, o Coletivo de Galochas desenvolveu seu primeiro trabalho, Projeto Zucco. A partir da dramaturgia de Bernard-Marie Koltès, Roberto Zucco, o grupo dedicou-se ao debate e às práticas sobre o espaço público, através de um espetáculo em forma de passeio na Praça do Relógio, dentro da Cidade Universitária. Com o público caminhando junto com a encenação, a ideia era testar o espaço no limite de suas possibilidades: black-out na praça; banho ao ar livre com um chuveiro saindo de uma árvore, com direito a água quente; atores disfarçados de guardas, exercendo ‘autoridade’, parando o trânsito; uma casa montada com móveis espalhados pelo topo das árvores; cena em escadaria de incêndio, dentro de carro, no meio do mato.
A afinidade surgida no primeiro trabalho deu estofo para que o grupo partisse para um segundo processo, dessa vez com o desejo de romper os muros da academia e levar a discussão do espaço a algum lugar onde debatê-lo fosse vital, achar um local onde agir teatralmente gerasse uma consequência concreta sobre o debate em torno do espaço, produzindo material crítico e formas de ação.
Foi partindo desta nova perspectiva que o Coletivo de Galochas definiu como espaço para o seu próximo trabalho a Ocupação Prestes Maia e consolidou, ao longo de 2011, o Núcleo Cultural Prestes Maia, junto com o MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro) e outros coletivos, local onde aconteceu a primeira temporada do espetáculo Piratas de Galochas.
O objetivo atual do Coletivo de Galochas é experimentar seu segundo trabalho, Piratas de Galochas, em locais públicos, levando o debate surgido na Ocupação Prestes Maia para outras configurações sociais e espaciais.
Em janeiro de 2012, o Coletivo de Galochas levou os Piratas de Galochas à ocupação Jardim dos Palmares, no município de Cotia, para uma apresentação do espetáculo nas ruas do bairro ocupado.
Em 2012, com apoio do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), o Coletivo levou o espetáculo Piratas de Galochas para as ruas do bairro da Luz, experimentando a peça como um passeio pelas ruas da cidade, criando assim uma nova versão da peça: Piratas de Galochas na Luz. Durante os meses de Setembro e Outubro Piratas de Galochas na Luz esteve em cartaz aos finais de semana, tendo como ponto de encontro a Praça Júlio Prestes, em frente à Sala São Paulo, e as ruas do bairro como palco. No decorrer da temporada, o grupo contou tanto com público intencional quanto com um público espontâneo, composto por passantes e moradores da região. Assim como na temporada anterior, também foi marcante a presença de crianças e jovens no público, que voltavam dia após dia para acompanhar as apresentações.
Também em Outubro de 2012, Piratas de Galochas foi apresentado em Bauru, como parte do primeiro Festival de Artes Cênicas de Bauru (FACE), ocupando o abandonado Museu da Imagem e do Som (MIS).
Em Dezembro, o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (CCJ) na Zona Norte de São Paulo foi palco para o espetáculo Piratas de Galochas. Nessa ocasião, o grupo não só explorou o auditório do Centro Cultural, como também os espaços de todo o prédio (entrada, escadas, jardim, copa) para a realização da peça. Ainda em Dezembro de 2012, o Coletivo de Galochas foi indicado ao Prêmio CPT 2012 segundo semestre na categoria Grupo ou Companhia revelação: do interior, litoral ou capital do Estado.
Em 2013, o Piratas de Galochas retoma suas apresentações. Participou da Festa da Juventude do CEFOL – Sindicado dos Químicos, em Valinhos. Atualmente o Coletivo de Galochas encontra-se em processo de nova montagem, o espetáculo Revolução das Galochas, uma São Paulo distópica sob dois disparadores: o universo carnavalesco das escolas de samba e o livro “Não verás país nenhum” de Ignácio Loyola Brandão.